Hepatologia

A hepatologia tem se destacado como importante área de conhecimento, com o desenvolvimento de vacinas para as hepatites A e B, a descoberta do vírus C, os progressos no tratamento da cirrose e do carcinoma hepatocelular (HCC), a evolução do transplante hepático, a identificação da doença hepática gordurosa não-alcoólica e a incorporação de novos métodos diagnósticos e terapêuticos à prática clínica.

A hepatologia, ainda, dedica-se ao estudo de doenças altamente prevalentes: no Brasil, cerca de 2.500.000 indivíduos estão infectados pelo vírus C, 500.000 são portadores do vírus B, 20% da população tem esteatose hepática e 3% esteatohepatite.

E, quando falamos de doenças que atingem o fígado, entra em ação uma especialidade muito importante: o hepatologista. O hepatologista é o médico responsável por cuidar da saúde do fígado. Assim, trabalha na prevenção, diagnóstico e no tratamento das doenças que atingem o órgão.

Cirrose Hepática

A cirrose é uma condição em que as células do fígado são destruídas, ou deixam de funcionar corretamente. Essa condição provoca nódulos, fibroses e cicatrizes no tecido do órgão, levando ao seu mau funcionamento.

Geralmente, a cirrose está associada ao consumo excessivo de álcool, no entanto, existem outras inúmeras causas, como:

- hepatites virais (B e C);

- esteatose (gordura no fígado);

- erros do metabolismo;

- doenças autoimunes;

- doenças do metabolismo do ferro e do cobre;

- deficiência de alfa 1 antitripsina;

- resultado final de doenças sistêmicas, como insuficiência cardíaca e anemia falciforme.

Ela pode ser silenciosa inicialmente, por não apresentar sinais, mas aumenta o risco de câncer e pode levar à falência do órgão. Depois de progredir, a doença pode provocar dor abdominal, fadiga, náuseas, constipação e urina escura.

As principais complicações são encefalopatia hepática, ascite e hemorragia digestiva alta, em decorrência da hipertensão portal.

A cirrose não tem cura. Mas, realizando o tratamento e seguimento de forma adequada, conseguimos muitas vezes impedir que a doença avance, além de realizar o rastreio para manejo de complicações e, se necessário, realizar e encaminhar o paciente para avaliação de transplante hepático!

Esteatose Hepática

A esteatose hepática é classificada em dois grandes grupos: causada pelo consumo excessivo e crônico de bebidas alcoólicas ou causada por outros fatores de risco, como a Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica – NASH, conhecida como gordura no fígado.

Esse acúmulo de gordura no fígado, ao contrário do que se pensa, ocorre muito mais por um excesso de carboidratos na dieta do que por uma alimentação rica em gorduras. Se as causas não forem controladas, a doença pode evoluir para a esteatohepatite.

Para o diagnóstico, é importante que os pacientes sejam avaliados em consulta médica por médico clínico ou hepatologista. Por meio de estudo cuidadoso da história clínica do paciente, o médico poderá identificar os fatores de risco primários, secundários ou doenças associadas.

O principal tratamento, com base em evidências científicas, é a perda de peso e melhora da composição corporal. Porém, hoje já existe uma ampla abordagem, medicamentosa e não medicamentosa, disponível para o tratamento adequado desses pacientes, impedindo progressão de doença e evitando casos de cirrose hepática e consequentemente câncer de fígado. 

Toxicidade Hepática por Drogas

Hepatotoxicidade é o nome dado aos danos que substâncias químicas causam no fígado. Ela surge como consequência da ingestão de medicamentos, chás e suplementos.

Em casos mais leves, a hepatotoxicidade não apresenta sintomas claros e só é detectada através de exames médicos. Porém, se a condição evoluir, ela pode causar dor abdominal, icterícia e desorientação. Além disso, ela pode resultar em uma hepatite fulminante e fatal, sendo, inclusive, uma indicação de transplante hepático!

Para evitar esse quadro, não utilize medicamentos sem a orientação de um profissional e evite beber chá em excesso. E mantenha seus exames médicos em dia para detectar o possível surgimento de uma hepatotoxicidade.

Transplante Hepático

Com o avanço das técnicas cirúrgicas e das drogas imunossupressoras, o transplante de fígado tem se tornado, cada vez mais, uma opção viável e segura para o tratamento de certas doenças.

Entre os pacientes com indicação para o transplante, estão aqueles com cirrose avançada, insuficiência hepática e tumores de fígado. O transplante de fígado é a remoção cirúrgica de um fígado saudável ou, às vezes, de parte de um fígado saudável que, em seguida, é transferido para outra pessoa.

O transplante hepático é o segundo tipo mais comum de transplante de órgãos. É a melhor opção no caso de indivíduos cujo fígado deixou de funcionar. O procedimento não tem horário certo para duração e a internação do paciente pode variar conforme sua recuperação.

Câncer de Fígado 

O câncer de fígado pode variar entre dois tipos, primário e secundário.

O primário começa no próprio órgão e o secundário, ou metastático, pode ter origem em outro órgão e, com a evolução da doença, atingir também o fígado. O tipo secundário, normalmente, decorre de um tumor maligno no intestino, porém inúmeros outros sítios primários são existentes.

Na maioria das vezes, só aparecem sintomas em estágios mais avançados da doença. Por isso, a importância de realizar exames rotineiramente, e se o paciente for portador de cirrose hepática, realizar o rastreio através de exames de imagem a cada 6 meses, permitindo muitas vezes um diagnóstico precoce e medidas intervencionistas curativas.

Nódulos/ Cistos Hepáticos

O nódulo hepático é caracterizado como uma lesão, que pode ser de origem maligna ou benigna. 

O surgimento pode ser provocado por diversos fatores e, normalmente, não tem a tendência de apresentar sintomas. Desta forma, é comum ser diagnosticado por exames de imagem de rotina (ultrassonografia, tomografia ou ressonância).

De acordo com os achados, o paciente poderá manter o acompanhamento médico, realizando exames como tomografia e ressonância magnética, para avaliar e identificar o tamanho do nódulo. Entretanto, existem outros nódulos que são indicativos de cirurgia e, até, de transplante de fígado. O indivíduo que possui histórico de doença no fígado, como a cirrose hepática, as chances de que o nódulo seja câncer são maiores!

Os cistos hepáticos são lesões benignas e se diferenciam normalmente entre simples e complexos. De forma geral, são benignos e apresentam baixo risco de evolução para neoplasia maligna. A depender do tamanho e dos sintomas, pode haver indicação cirúrgica. Mas, normalmente, são lesões de caráter benigno, que podem ser acompanhados através de exames de imagem.

Hepatites Virais (A, B, C)

As hepatites virais são um grave problema de saúde pública. E são caracterizadas como uma infecção que atinge o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves.

As hepatites A e B, quando em estágio agudo, têm sintomas similares. Porém, as Hepatites B e C causam hepatite crônica, que são silenciosas e não causam sintomas ou desconforto normalmente, somente em estágios mais avançados.

Dentre os sintomas da doença, estão cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

Você sabe como se prevenir?

Lave as mãos!

Use preservativos em qualquer relação sexual!

Não compartilhe objetos de uso pessoal, principalmente os que podem ter contato com sangue!

Não tome banho em locais impróprios ou perto de esgotos!

Vacine-se contra as Hepatites A e B!

Previna-se!

Doenças Autoimunes Hepáticas

A hepatite autoimune é uma doença em que o próprio sistema imunológico do corpo ataca o fígado e passa a reconhecer as células do fígado como estranhas.

A partir daí, o sistema imune desencadeia uma inflamação crônica, com destruição progressiva do fígado e a formação de cicatrizes.

A doença é crônica, o que significa que não tem cura, porém possui tratamento que pode manter a doença adormecida durante muitos anos. 

A hepatite autoimune afeta, mais frequentemente, as mulheres e tem um ciclo variável, alternando de nenhum sintoma à insuficiência hepática fulminante.

Sem o tratamento adequado e em tempo, suas complicações podem levar à progressão para cirrose e doenças como varizes de esôfago, ascite e encefalopatia hepática. As opções de tratamento incluem corticosteróides, isolados ou em combinação com outros imunossupressores.

O transplante de fígado é indicado em pacientes com doença hepática avançada que não apresentem melhora com o tratamento convencional.

Doença de Wilson

A doença de Wilson vem de um distúrbio genético de transmissão autossômica recessiva, que provoca alterações no metabolismo do cobre. É uma doença rara e tem início, geralmente, entre os 11 e 25 anos de idade.

Estas alterações comprometem a síntese de ceruloplasmina e provocam deposição de cobre em vários locais do organismo, como no fígado, no cérebro, na córnea e nos rins, principalmente.

Os principais sintomas são caracterizados por manifestações neurológicas, hepáticas, psiquiátricas e oculares.

O anel de Kayser-Fleischer e as alterações do nível de ceruloplasmina no sangue e da excreção urinária de cobre representam os dados de maior importância para o diagnóstico.

O objetivo do tratamento medicamentoso é diminuir os estoques de cobre no organismo. Desta maneira, o uso de quelantes de cobre e suplementação oral, com altas doses de zinco, são estratégias importantes na doença de Wilson.

Gordura no Fígado

A Esteatose hepática, conhecida popularmente como gordura no fígado, é grave e pode levar a problemas ainda mais sérios, como a insuficiência hepática.

Ela pode acontecer por diversas situações e suas principais causas estão relacionadas aos hábitos de vida pouco saudáveis. E, alguns destes hábitos são o sedentarismo; obesidade, diabetes e pressão alta; colesterol ou glicerídeos elevados; alimentos ricos em açúcar e gordura e o consumo excessivo de álcool, medicamentos e outras drogas.

Alguns sinais que podem aparecer são coceira na pele, fraqueza e fadiga, dor/inchaço abdominal e inchaço nas pernas. Porém, o quadro, normalmente, não apresenta sintomas.

Portanto, apenas consultas regulares com um hepatologista são capazes de diagnosticar precocemente a condição.

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Responsável técnico Natália Rodrigues Eugênio | CRM-PA 14067 RQE 6951
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